quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Leis no papel


O sol apareceu. Brilha escaldante. Mas, com sinceridade, meu estado de espírito e minha disposição continuam os mesmos. Na quadra onde moro o mato cobre a calçada e até os bancos da praça. Liguei na Prefeitura, a telefonista me passou um número. Tentei falar, mas não era aquele o setor responsável. Outro número. Tudo bem. Liguei de novo. A voz do outro lado de novo me informa que também aquele não era o local exato para falar sobre o assunto.

Depois de várias tentativas, fui informada que o órgão responsável pela limpeza da área é o SAAMA - Secretaria de Abastecimento, Agricultura e Meio Ambiente. Pois bem, lá vou eu de novo explicar o problema. A resposta foi rápida e ríspida. Estamos cientes do problema e logo toda a cidade será limpa. - Qual a previsão? - indago. E a voz do outro lado me responde com uma certa irritação: a previsão é para logo. Mas não há data marcada. É só ter um pouco mais de paciência!

Agradeço, desligo o telefone e fico pensando: Meus Deus, como tenho tido paciência! Tenho paciência para esperar em filas, paciência para esperar que alguma lei aprovada saia do papel, paciência para suportar falta de educação, paciência para ouvir todo mundo falar em crise, paciência para fazer coisas que não quero e paciência por não poder fazer coisas que quero. Paciência para esperar quem diz que dará um retorno qualquer e nada. O telefone não toca. É a crise. Na verdade creio que a tal crise ainda nem chegou por aqui. Mas é uma boa desculpa para aquelas pessoas que afirmam tomar decisões mas não o fazem temendo a crise.

Dizem que a esperança é a arma da paciência. Mas minha esperança está por um fio. Há lei que obriga estabelecimentos bancários a colocarem à disposição dos clientes banheiros. Pois eles não existem. Há lei que proíbe estabelecimentos comerciais de venderem cigarros e bebidas para menores. Mas a venda é constante. Há lei que dispõe sobre o transporte de trabalhadores rurais, mas eles continuam sendo transportados como se fossem animais: em ônibus caindo aos pedações, sem nenhuma segurança e tão lotados que é assustador. Nos últimos tempos, vários acidentes envolvendo estes trabalhadores. Em um destes acidentes, o motorista de um destes veículos teve o braço literalmente cortado. E a gente continua fazendo vista grossa.

Há lei que estabelece a necessidade de rampas e de facilitadores no transporte coletivo para portadores de deficiências. Raríssimos são os casos que se dispuseram a tomar tais iniciativas. E, por último, ontem fiquei sabendo que a Associação de Deficientes Físicos, que já beneficiou tantas pessoas, corre o risco de ser fechada. E nós continuamos a não fazer nada. Ufa!!!!