sábado, 9 de maio de 2009

O Despertar


Quero compartilhar algo com vocês que, para mim, está sendo uma lição de vida. Outro dia, conversando com uma amiga, ela contou-me que tinha a sensação de que suas lágrimas secaram. "Não consigo chorar nem de emoção, nem de alegria e nem mesmo de tristeza", disse-me. Dizia que se sentia vazia, ôca. E que não entendia o por quê.

Fiquei a pensar nas palavras delas e me senti como que incomodada ao constatar que não só ela, mas grande parte das pessoas atualmente, sentem-se exatamente como ela. Fiquei a imaginar o quão triste é não ter esperança, não sentir alegria, não se emocionar com nada, não sentir prazer, satisfação. Deve ser extremamente desgastante. É como deixar de ser humano.

Eu, apesar da crise, de inúmeros problemas, ainda consigo me emocionar, seja de alegria, seja de tristeza, seja ao ouvir uma boa música, ao ler um bom texto, ao observar a natureza, enfim. Serei eu uma privilegiada? Acredito que não. Basta que a gente não se apegue somente às lembranças ou aos fatos ruins. Que consigamos enxergar pessoas boas, amigas de verdade, a beleza que existe ao nosso redor sem que, para isso, precisemos dar qualquer contribuição.

Com a globalização do mundo, o homem cria máquinas inteligentes capazes de suplantar sua própria inteligência. A cada máquina criada, novos avanços tecnológicos, nova sofisticação. Damos-lhe ternura e ficamos rudes; sensibilidade e ficamos insensíveis. A máquina fica meio homem e o homem meio máquina. Fazemos cópias dos nossos erros...

Mas sempre há o despertar para um novo dia. Somos uma máquina humana e dentro de nós há uma vida pulsante e temos um sentimento puro e incopiável: o amor.

Vivamos, sim, nesse mundo máquina, mas sem perder a ternura. Vamos prestar mais atenção nas pessoas, nas paisagens, no sol erguendo-se na amplitude...E, à noite, mirar o céu imenso, admirar as estrelas, contemplar a lua...refletir e meditar sobre tudo de bom que recebemos do Ser Superior e de grande parte das pessoas que nos cercam com carinho, respeito, amizade.

Está dado o recado. Foi mais ou menos isso que tentei passar para a minha amiga que se declara vazia de sentimentos e emoções. Espero que minhas palavras tenham, de alguma forma, auxiliado. Mas, muito além das palavras, a atitude de ouví-la sem julgá-la ou criticá-la. Apenas procurando fazer com que olhasse a vida com outros olhos, de uma maneira menos rude, menos exigente, menos intransigente e, desta forma, possa ser feliz.