segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Nova identidade



Como repórter, já ouvi muitas histórias bizarras, mas esta talvez tenha sido a mais criativa que ouvi. Na visita corriqueira à delegacia de Conchal em busca de boletins de ocorrências, um homem - aparentando ter pouco mais de 30 anos - vestido de terno, chegou ao balcão e disse:
- Por favor, eu queria mudar todos os meus documentos.
- Mas por quê? perguntou um investigador.
- É que fui promovido e agora meu nome é Deus Pai, Todo Poderoso! Quero que coloquem este nome inclusive na minha identidade (RG).
O pessoal da delegacia, que já o conhecia, começou a zoar. Um deles perguntou:
- Mas já quer mudar todos os documentos de novo? Seu nome não era Pai, Filho e Espírito Santo?
E o homem respondeu com a maior seriedade que existe:
- Era, mas agora evoluí e tenho que ter documentos novos.
Levando a brincadeira adiante, um outro da delegacia disse:
- Olha, aqui não fazemos qualquer alteração em documentos, o senhor tem que procurar o cartório. Pergunta aí para a moça, ela é do jornal.
Imediatamente, o homem voltou-se para mim. E resolvi entrar na brincadeira.
- Como é mesmo o seu nome? - perguntei.
E ele: Deus Pai, Todo Poderoso!
- Qual a sua idade, indaguei?
Ele respondeu: eu não tenho idade, sempre existi.
- De onde o senhor é?
Ele disse: estou em todos os lugares. Vim para separar aqueles que já estão salvos.
De novo, perguntei: e para onde o senhor levará os salvos?
Ele: para o planeta solar!
Eu insisti. - Mas lá não é muito quente?
Ele: lá será o paraíso, aqui, o inferno.
Por último, perguntei. - o pessoal da delegacia já está salvo?
Ele: não sei, não posso salvar ninguém através das paredes.
E eu, que moro em outra cidade, estaria salva?
- Eu estou no mundo todo. Quem quiser me ouvir e me seguir, o faça. Do contrário...
Eu desisti.
No final da história fiquei sabendo que o tal homem, muito bem vestido e falando o português corretamente, comparecia à delegacia, ao cartório, ao fórum da cidade, sempre contando a mesma história.
Gente, não é brincadeira. É real. Este homem existe. E parece realmente acreditar mesmo no que diz. Delírio puro!

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